Projeto inserido no Pacto da Bioeconomia Azul envolve centros de investigação e indústria
Pep4Fish é o nome do projeto que visa explorar soluções inovadoras para fortalecer a produção de peixe de aquacultura. Até 2025, espera-se que sejam criadas dietas para aumentar a robustez de robalos e douradas e a sua capacidade de resistência ao stress e às infeções bacterianas. Integrado no ambicioso Pacto da Bioeconomia Azul, o projeto reúne parceiros multidisciplinares, desde a investigação à indústria e promove a economia circular.
“A criação de novas dietas, mais sustentáveis e que promovam o fortalecimento do peixe, quer na sua resistência a doenças, quer na qualidade final do produto que é vendido ao consumidor, abrirá novas perspetivas para o futuro da aquacultura”, explica André Almeida, responsável pelo Departamento de Investigação do Grupo ETSA – Empresa Transformadora de Subprodutos Animais, lembrando que a prevenção e o controlo de doenças ajudarão a minimizar as perdas económicas no setor.
Com a crescente procura de alimentos nutritivos, saudáveis e seguros para consumo humano, a aquacultura assume cada vez maior relevância em todo o mundo. Atualmente, já é responsável por fornecer metade do peixe consumido a nível global.
O projeto Pep4Fish irá dar resposta a essa crescente procura. Através da utilização de subprodutos animais, como peixes, aves e suínos, e de recursos alternativos como os insetos, serão criados produtos inovadores (hidrolisados) de valor acrescentado para a produção de rações para robalos e douradas, capazes de melhorar a saúde dos peixes e a nutrição humana, reduzindo o desperdício
de alimentos e preservando os recursos oceânicos.
Assim, o projeto Pep4Fish também assume um papel ativo na área da sustentabilidade ambiental.
“É uma clara aposta na economia circular. Estamos a reduzir o desperdício, reutilizando e transformando subprodutos em ingredientes alimentares, neste caso direcionados para as dietas de aquacultura”, advoga André Almeida.
O projeto Pep4Fish, incluído no Pacto da Bioeconomia Azul e financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no valor de cerca de 21,7 milhões de euros, é liderado pelo Grupo ETSA e conta com a participação de nove parceiros, incluindo centros de pesquisa e empresas: AgroGrIN Tech, B2E – Laboratório Colaborativo para a Bioeconomia Azul (B2E CoLAB), CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, ITS – Indústria Transformadora de Subprodutos (ETSA); Seaculture (Jerónimo Martins), Savinor e Sorgal (Soja Portugal), Sebol (ETSA) e Universidade Católica Portuguesa.
Para além da investigação científica, o projeto promove uma abordagem aberta e colaborativa com aplicabilidade industrial, nomeadamente com um investimento significativo nas empresas, para aumentar a capacidade produtiva necessária. Assim, com este projeto será possível desenvolver duas novas dietas para a indústria, uma para robalo e outra para dourada, com base em quatro novos hidrolisados produzidos em Portugal.
Primeiros ensaios
Os primeiros testes já se encontram a decorrer no CIIMAR. Foram selecionados três hidrolisados com propriedades antioxidantes e antimicrobianas para a realização de um primeiro ensaio com robalos. Neste ensaio, os investigadores estão a monitorizar o desenvolvimento dos animais, procurando observar melhorias na sua saúde, crescimento e resistência perante condições adversas.
Na Universidade Católica Portuguesa, que assume o desenvolvimento de novos hidrolisados, os avanços já permitiram a obtenção dos primeiros hidrolisados de aves com evidência de atividade antioxidante. Até 2025, o projeto Pep4Fish continuará a explorar e aprofundar a utilização de hidrolisados na aquacultura, com o objetivo de melhorar a produção sustentável de peixes marinhos.